desejo * !

sexta-feira, 30 de março de 2012

capitulo um:

                Segunda-feira, são 07:15h, o despertador já começou a tocar para acordar Leonor, uma menina simpática, calma e, ao mesmo tempo distante. Pela sua janela, o Sol tentava vencer as imensas nuvens que se encontravam a querer esconde-lo, um tempo um pouco escuro por sinal.
                Leonor estava a sair do banho quando ouve a voz de sua mãe a chamar:
                - Leonor, estás pronta? Está na hora de ires para a escola, o pequeno-almoço já está pronto.
                - Sim, desço já, estou a acabar de me vestir, mãe. – Respondeu Leonor com a sua voz doce de uma jovem de 16 anos.
                Vestira a roupa um pouco à pressa, não tinha dado pelo tempo a passar e a voz de sua mãe tivera alertado para isso. Pegou nuns jeans clássicos, uma camisola simples e sobrepôs um casaco, ficava-lhe bem esse tipo de vestuário.
                Já se ouvia os seus passos apressados a descer a longa escadaria que dividia os quartos do resto da casa. Dirigiu-se então à cozinha onde sentou para almoçar com sua mãe e a sua irmã mais nova, Inês que completara à dias os seus 5 anos. Comeu tão depressa que nem deu tempo de se iniciar alguma conversa e logo que dirigiu a casa de banho, onde escovou os dentes, secou os seus longos e finos cabelos morenos e aplicou um pouco de maquilhagem (Leonor pensava que, sem maquilhagem não ficava bem, e então sempre que saia de casa aplicava sempre um pouco de base, um risco nos olhos e rímel. Nunca ninguém a vira sem essa típica maquilhagem).
                Despediu-se com dois beijos da sua irmãzinha e da sua mãe e pôs-se a caminho da escola. Durante a viagem, tinha os auriculares nos ouvidos, pois ouvia música sempre que caminhava a pé sozinha. Quando deu a sua música preferida, começou a pensar na sua vida, na solidão que sentia por não ter ninguém ao seu lado com quem partilhar tudo. Tinha apenas as suas duas amigas, Maria e Bárbara, as suas fiéis amigas, mas faltava-lhe alguma agitação maior na sua vida, faltava-lhe um ombro masculino ao seu lado, faltava-lhe alguém do sexo oposto que a percebesse, que percebesse todos os seus problemas, todas as suas dúvidas, que percebesse apenas no olhar o que era melhor para ela… Com este pensamento, Leonor sem se aperceber, deixou cair duas lágrimas de saudade de seu pai, que havia partido à 3 anos sem dar notícia. Depressa as limpou, desde o momento da sua partida que percebera que o pai não queria o bem da família e estava decidida a não falar desse assunto, só queria esquecer. Em nenhum momento após esta partida conseguira aproximar-se de um rapaz, tinha sempre o medo que este a abandonasse tal como fez seu pai e então resguardava-se de qualquer “aventura”. Suas amigas estranhavam tal atitude, perguntavam-se se ela tinha algum tipo de trauma, ninguém sabia da verdadeira história do desaparecimento de seu pai. Quando se mudou para o Porto, não quis mexer na ferida e então mentiu, dizendo que seu pai trabalhava no estrangeiro e nunca podia vir a casa ter com a família. As amigas não acreditavam na história, mas também nunca quiseram apurar mais algum tipo de informação, esqueceram-se disso, pois sempre se habituaram a falar com a sua mãe. Tudo para elas parecia normal na vida de Leonor, mas na verdade não era bem assim.
                Foi andando até que chegou à escola. Desligou os auriculares, e entrou, dirigindo-se para a sala de convívio. As suas amigas já a esperavam, mas Leonor pouca conversa lhes deu, apenas disse que estava com dores de cabeça que não queria falar do que quer que fosse. Maria e Bárbara não ligaram ao pedido da amiga e então começaram a contar as suas aventuras de fim-de-semana, como faziam sempre.
                - Vocês nem vão acreditar, na festa de sábado à noite, um rapaz alto, loiro e olhos azuis meteu paleio comigo, a partir dessa noite falamos muito, acho que já o posso contabilizar na minha lista de sedução. – Disse Bárbara, confiante que mais um cairia a seus pés.
                - Eu sou mais paixões de uma noite, como aconteceu na sexta-feira à noite, aquele ali – disse Maria apontando para um rapaz super giro que se encontrava à frente delas – encontrou-se comigo e nem queiram saber o que aconteceu a seguir… – piscou o olho ao rapaz.
                - Eu sinceramente não te percebo Maria, para ti, basta uma noite com um rapaz e depois nem se falam. Tu Bárbara, um mês, um mês e pouco com um rapaz e logo te enches dele, queres logo trocar. Não sei como conseguem, daqui a pouco não há rapaz que vos aguente, essa vida que as duas levam… deviam começar a abrir os olhos! – Respondeu Leonor às suas duas amigas em tom mais elevado, saindo da beira delas.
                Já a campainha tinha tocado a segunda vez, estava na hora de entrar e Leonor, como uma jovem aplicada, encaminhou-se logo para a sala.
( continua )
História inventada por mim, não se assemelha a realidade.
Conto com as vossas opiniões para o titulo desta história. Novo capitulo brevemente. (:


terça-feira, 27 de março de 2012

Carta para os teus pais:

Queridos pais,
                Nem sei o que vos deverei dizer, não sei o que escrever, nunca foi tão difícil para mim querer escrever para alguém e as palavras não saírem. Não sei porque não saem, há tanta coisa que gostaria de vos olhar nos olhos e exprimir, mas, por razões maiores não consigo e sinto-me culpada por isso.
                Não é fácil escrever para vós, vós que sabeis todos os meus defeitos, todas as minhas qualidades, vós que, basta um olhar para perceberdes o que se passa, basta uma palavra para entenderes uma grande confusão, basta um gesto para exprimir tudo o resto…
Será que, aos vossos olhos eu sou a filha perfeita? Será que vocês vêm em mim o que sempre desejaram ver num(a) filho(a)? Sei que não sou perfeita, nem tenho intenções de ser, mas, às vezes pergunto-me se, a minha personalidade vos agrada e vos deixa com orgulho de mim.
Qualquer pai ou mãe quer o melhor para os seus filhos, quer que eles vivam minimamente bem, quer que sejam educados, quer que respeitem as pessoas, quer que sejam inteligentes, quer que estejam felizes, não quer que se “lancem por maus caminhos”, não quer que tenham problemas, quer que sejam formados, quer que tenham um bom trabalho no futuro, quer que a sua vida seja é mais perfeita e a melhor… E, vocês não fogem à regra, sempre lutaram para que nada me falte, para que os problemas não me surjam, para que viva bem, eu admito isso.
Não sei como vos explicar isto, vocês às vezes estão tão preocupados em dar-me uma vida cheia de regalias, em lutar para que não me falte nada que se esquecem que, em todos os casos eu preciso do vosso apoio, do vosso carinho, de sentir o vosso amor, a vossa protecção, o vosso ombro amigo, o vosso abraço, o vosso cheiro, preciso de me sentir amada pelas duas pessoas mais importantes da minha vida, mãe e pai!
Se lessem isso sei que viriam ter comigo, de forma arrependida e me perguntariam “Filha, achas que nós não gostamos de ti?” e aí, como eu responderia, “Não, eu sei que vocês me amam e querem o melhor para mim, mas, muitas vezes falta-me as provas desse amor, dessa preocupação, desse carinho… Não quero que pensem que é ciúmes do meu irmão, que não é, mas, vocês preocupam-se mais com ele, com o que se passa na vida dele, e as provas estão em todos aqueles jantares que só a ele lhe perguntam como esta a correr a escola, como está a vida dele… Também o provam quando, alguém de fora vos fala de mim e, vocês a única coisa que fazem é desviar a conversa para o meu irmão e só o elogiar a ele, pensam que eu não ouço tudo isso? Estão sempre a dizer que querem o melhor para ele, e para mim querem o quê? Estão sempre a dizer que ele pode contar convosco para tudo, e eu, posso? Só me comparam a ele quando ele, vos desilude, quando ele faz algo de errado, aí sim, vocês lembram-se de mim e acusam-me do que se passa, também.”. No final da minha resposta, com certeza que vocês ficariam sem palavras e eu abandonasse o local, fechando-me em algum lado que ninguém conseguisse entrar.
Gostava de, tal como todos os meus outros colegas, quando chegasse a casa ouvisse a minha mãe, do fogão a perguntar “Como correu a escola, filha?” e aí eu contar-lhe-ia tudo o que aconteceu na minha escola, desde o bom ou mau. Gostaria que, quando chegasse com uma nota alta a casa e mostrasse aos meus pais, eles reconhecessem o mérito e me felicitassem por isso. Gostaria que, quando eu tivesse problemas eles fossem os primeiros a prestar-me auxílio e a ajudar na resolução do mesmo.
Não pensem que vos guardo rancor por alguma coisa que me fizessem, porque não guardo, não consigo. Mas, eu sinto-me triste quando olho para os pais de outros jovens da minha idade com os filhos, num ambiente familiar calmo e acolhedor e penso que não acontece isso comigo…
Muitas vezes eu sei que a culpa pode não ser vossa, mas, podiam fazer um esforço por mim, só uma vez?
Não quero que vos sintas incomodados com as minhas palavras e por isso eu não vos digo aquilo que sinto, mas, eu acredito que um dia, quando o meu irmão já tiver saído de casa, vocês ainda tentem mudar o passado e percebem como foi triste a vossa ausência.
De qualquer maneira, orgulho-me de ter uns pais corajosos como vocês, orgulho-me da vossa força, da vossa garra e coragem. Fazem tudo para ver qualquer pessoa bem, mesmo prejudicando a vossa própria felicidade.
Se me pedissem para fazer um retrato vosso, eu aplicaria todos os adjectivos maravilhosos que vos pudessem descrever porque, apesar do que eu sinto cá dentro, vocês são os melhores pais do mundo e eu amo-vos!
Não quero mais nada escrever, pois poderão perceber mal a mensagem que vos tencionava transmitir e, esse não é o meu objectivo…
“Pai e mãe, lutem pela minha vida assim como eu luto pela vossa e aí todos viveremos felizes! Com o vosso apoio tudo é mais simples e eu sei que vocês são capazes de muito por mim, provem-me tudo de novo!”
Com amor, da vossa filha querida.